Estamos na Semana de Acesso Aberto 2024: conhecimento deve priorizar sociedade, não lucro

A imagem oficial do evento destaca o nome da Open Access Week 2024 e o tema 'Community over Commercialization', ou "Comunidade acima da comercialização", em português. Diversas atividades científicas e educacionais são destacadas. Sobre elas o ícone de um cadeado aberto, em símbolo do Open Access. A imagem inclui a hashtag oficial #OAWeek, científico."
Na semana de 21 a 27 de outubro vários centros de pesquisa mundiais se unem para falar da necessidade de que a produção científica veja a "Comunidade em primeiro lugar, não o Lucro'. Proposta é promover a colaboração científica e a democratização do conhecimento. #OAWeek - Imagem de divulgação do evento/www.openaccessweek.org

E o esforço vem ganhando adeptos. Várias instituições científicas do mundo se unem para chamar a atenção para a necessidade de aprimorar o compartilhamento aberto do conhecimento. O CTMM e o INCT Neurotec-R também se engajaram nesse movimento. Em outras palavras, buscam novas formas de tornar a ciência mais acessível e inclusiva.

A Open Access Week 2024 já começou. E vai até 27 de outubro de 2024, próximo domingo. “Comunidade sobre a comercialização” é o tema dessa edição, mesmo do ano passado. A SPARC, uma organização sem fins lucrativos, lidera a iniciativa desde 2008.

O termo “Acesso Aberto” se refere a disponibilizar gratuitamente os resultados de pesquisas científicas. A premissa básica é a de que o conhecimento científico é um bem público. E, por isso, certamente é preciso estar disponível a todos. É necessário priorizar abordagens que coloquem os interesses do público e da comunidade acadêmica acima de interesses comerciais. 

O modelo tradicional restringe o acesso a quem pode pagar. Um desafio contemporâneo, portanto, é reduzir a dependência que a ciência tem das plataformas comerciais. Essas empresas – muitas vezes – lucram alto com a disseminação do trabalho acadêmico.

Desenvolver políticas que democratizem o conhecimento

A iniciativa de substituir o acesso pago pelo aberto é um tema de debate necessário. Segundo a editora Springer, do grupo Nature, “o acesso aberto a resultados de pesquisa acelera o progresso da ciência”. Isso, também faz crescer o propósito de tornar esse esforço mais equitativo, mais inclusivo e mais eficaz para todos.

A revista científica alerta para o fato de que distribuir pesquisas sem restrições é especialmente importante para:

autores, que vão poder ter seu trabalho visto por mais pessoas;
leitores, que terão acesso a um maior volume de pesquisas atuais e se basear no trabalho mais recente no campo;
financiadores, que teriam um retorno mais positivo na medida em que as pesquisas que financiam tivessem maior impacto social. 

Como minha instituição pode participar?

Para participar da Semana de Acesso Aberto 2024, ou mesmo depois, sua instituição pode promover debates sobre o tema “Comunidade sobre a Comercialização”. Em suma, a ideia é abordar a influência exercida pelas grandes corporações no controle da produção de conhecimento. Isso envolve engajar pesquisadores e alunos em discussões sobre o impacto da comercialização no ambiente acadêmico.

Ou, pode ser organizado uma reunião ou um debate sobre governança comunitária e o uso de plataformas de publicação abertas, por exemplo. Além disso, ainda é possível aproveitar os materiais gráficos disponíveis no site da openaccessweek.org em suas redes sociais e plataformas institucionais.

Impacto do acesso aberto sobre a ciência

Imagem oficial de divulgação da OpenAccessWeek.

O acesso aberto tem um impacto profundo na neurociência e em áreas emergentes, como a neurotecnologia. Certamente, em países em desenvolvimento, como o Brasil, o acesso gratuito ao conhecimento permitiria ter informações sobre as mais relevantes descobertas científicas.

De fato, o procedimento do acesso aberto democratiza o conhecimento e facilita inovações e colaborações em escala global.

Ao permitir que os pesquisadores compartilhem abertamente suas descobertas, há um aumento do uso e reuso dessas informações. Seja como for, isso acelera os avanços científicos e gera mais eficiência nas pesquisas, entre diferentes áreas.

O modelo de acesso aberto busca superar obstáculos, promovendo:

  • maior inclusão de pesquisadores e estudantes;
  • ampliação do impacto das pesquisas nacionais;
  • incentivo à inovação local;
  • redução da dependência de intermediários comerciais.

A ciência aberta também facilita a aplicação econômica e social das pesquisas, o que fortalece a confiança na ciência.

Ao colaborar com parceiros em todo o ecossistema científico, criamos sistemas de pesquisa mais rápidos e eficazes. Isto é, esses sistemas operam de forma sustentável e em grande escala, promovendo um ambiente de pesquisa mais justo e acessível. Assim, diferentes áreas acadêmicas incentivam práticas de ciência aberta.

Pesquisa e inovação responsáveis

A Pesquisa e Inovação Responsáveis (PIR) é um conceito essencial para garantir que as inovações científicas beneficiem a sociedade como um todo. A PIR defende princípios de transparência na governança, educação científica, ética, igualdade de gênero, acesso aberto e envolvimento social na ciência.

Em neurociência, a PIR é crucial para garantir o desenvolvimento de novos tratamentos e tecnologias de maneira mais segura e acessível. Inegavelmente, promovem o bem-estar de toda a sociedade.

Siga o INCT Neurotec-R no Instagram @inctneurotecr e acompanhe as discussões e eventos sobre acesso aberto e neurociência.

Referências

  • OpenAIRE — Building a Collaborative Open Access Infrastructure for European Researchers, Liber Quarterly;

  • International Open Access Week, openaccessweek.org.

Atualizado em 24/10/2024, às 19h35