Crianças prematuras podem recuperar cognição no primeiro ano de vida

Foto gratuita de banco de imagem Vecteezy.com mostra uma criança pequena chupando bico e olhos vivazes.
O estudo usou uma escala de avaliação do desenvolvimento infantil para planejar intervenções precoces para o crescimento e o bem-estar de crianças - Imagem gratuita ilustrativa Vecteezy.com

Existe um aumento global nas taxas de nascimentos prematuros, especialmente em países subdesenvolvidos. E no Brasil não é diferente. O país figura entre os dez países com maior número de nascimentos prematuros. Cerca de 302 mil por ano, segundo o Ministério da Saúde

Fatores biológicos, socioeconômicos e ambientais têm reflexo sobre os resultados cognitivos. Dessa forma, compreender melhor esse quadro é muito importante para a proposição de estratégias mais eficazes de identificação e intervenção precoces. 

Com base nisso, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (NeuroTec-R), avaliaram o desenvolvimento cognitivo de crianças prematuras. A saber, o instrumento usado para essa medida foi a terceira edição das Escalas Bayley. Os dados analisados foram coletados entre o mês de nascimento da criança e 42 meses depois. 

Além disso, a ferramenta permite estudar o desenvolvimento infantil de forma individualizada. Consequentemente, ela viabiliza o planejamento de intervenções precoces para o crescimento e o bem-estar das crianças.

Os cientistas do NeuroTec-R buscaram identificar possíveis atrasos no desenvolvimento de dois grupos de crianças e, em seguida, comparar os resultados. Para isso, eles consideraram a relação do desenvolvimento com fatores socioeconômicos e perinatais — como por exemplo, influência do tipo de parto, sofrimento fetal agudo e peso ao nascer.

Habilidades autônomas normais

Embora os escores cognitivos dos bebês prematuros estivessem dentro da faixa normal da escala Bayley-III é importante ressaltar que a média dos dados analisados foi inferior à dos grupos de controle. Apesar da relativa baixa vulnerabilidade biológica, diferenças nos escores foram observadas desde cedo. 

Em outras palavras, os especialistas do NeuroTec-R destacam que esses bebês tinham baixo risco biológico, excluindo diversos fatores de risco para atrasos no desenvolvimento cognitivo. Por outro lado, houve aumento na pontuação cognitiva entre seis e 12 meses, em ambos os grupos, sendo mais pronunciado naquelas nascidas pré-termo. 

Em resumo, o estudo sugere que crianças prematuras podem recuperar cognição no primeiro ano de vida, mesmo diante das dificuldades impostas pelo nascimento prematuro. Entre os fatores-chave, peso ao nascer e perímetro cefálico influenciaram o desempenho cognitivo das crianças a termo.

Necessidade de avaliação do neurodesenvolvimento 

Por fim, variáveis antropométricas e complicações perinatais demonstraram estar associadas ao desenvolvimento cognitivo no primeiro ano de vida. Portanto, a avaliação contínua do neurodesenvolvimento é crucial para garantir intervenções personalizadas e eficazes.

O NeuroTec-R reforça a enorme necessidade de que prematuros tenham acesso à avaliação precoce do neurodesenvolvimento. Há enorme necessidade de intervenções precoces para promover um desenvolvimento cognitivo saudável, alertam autores do estudo. O trabalho afirma que crianças prematuras podem recuperar cognição no primeiro ano.

LEIA O ARTIGO
Cognitive assessment in preterms by Bayley-III: development in the first year and associated factors
Suelen Rosa de Oliveira, Ana Carolina Cabral de Paula Machado, Lívia de Castro Magalhães, Débora Marques de Miranda, Jonas Jardim de Paula, Maria Cândida Ferrrez Bouzada
Revista: Revista Paulista de Pediatria
Vol./Número: 42
Online em: 25 Aug 2023
DOI: 10.1590/1984-0462/2024/42/2022164