Conheça 10 sinais de que sua criança pequena provavelmente não é autista; e por que isso pode ajudar você a respirar fundo

10 sinais de que sua criança pequena provavelmente não é autista
Entre 1 e 3 anos, comportamentos como brincar de faz‑de‑conta, atender ao nome ou manter contato visual  indicam que seu filho não está no espectro autista - Imagem ilustrativa: Freepik.com

Se você é pai, mãe ou responsável por uma criança pequena — aquele serzinho cheio de energia entre 1 e 3 anos de idade — provavelmente já se pegou perguntando: “Será que esse comportamento é normal ou é sinal de autismo?” Essa dúvida é muito comum, especialmente quando a criança repete frases, se apega demais a rotinas ou reage de forma “exagerada” a sons e a texturas. Relaxa!


Uma boa notícia: nem sempre essas (e outras) características indicam autismo. E, certamente, para esclarecer esse tipo de preocupação é que a YellowBusABA publicou em seu site uma lista: 10 sinais poderosos de que seu filho não é autista: descobrindo a verdade.

Todos os sinais listados estão alinhados com marcos do desenvolvimento típico, segundo a entidade internacional, reconhecida pela excelência de seus serviços de Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis – ABA). A abordagem é uma das mais usadas no mundo para promover o desenvolvimento de habilidades abrangentes e duradouras em pessoas com transtorno do espectro autista (TEA).

Um spoiler: comportamentos repetitivos ou rotinas rígidas são comuns na infância e não definem um transtorno. Além disso, a sensibilidade a sons, luzes e texturas também está dentro da faixa normal. O que diferencia, de fato, é a intensidade e a combinação desses sinais 

10 sinais de que sua criança pequena provavelmente não é autista

1. Habilidades emocionais e de comunicação dentro do esperado

Se sua criança busca seus olhos, sorri quando você sorri, demonstra alegria, frustração ou raiva, além de já produzir sons, palavras isoladas ou até pequenas frases — pode ficar mais tranquilo. Isso tudo indica que ela está se desenvolvendo dentro do padrão esperado para a idade.

2. Brincadeira simbólica ativa

Fazer de conta é coisa séria no desenvolvimento infantil. Se seu filho faz o boneco dormir, alimenta o bichinho de pelúcia ou transforma uma caixa em foguete, isso é um ótimo sinal. Crianças no espectro, em geral, apresentam menos interesse nesse tipo de brincadeira simbólica.

3. Responde quando é chamado

Chamar pelo nome e receber um olhar, um sorriso ou, no mínimo, um “hã?” já mostra que sua criança está conectada com o ambiente social. A ausência desse tipo de resposta costuma ser um dos primeiros alertas para investigar o TEA.

4. Contato visual frequente e natural

Olhar nos olhos é uma ferramenta poderosa de interação social. Se sua criança busca seus olhos durante as brincadeiras, na hora de contar uma história ou quando quer algo, é sinal de que ela está estabelecendo vínculos da forma como se espera no desenvolvimento típico.

5. Imitação de ações, sons e palavras

Crianças aprendem muito observando e imitando. Se seu filho copia você batendo palmas, fazendo caretas ou repetindo palavras (até de forma engraçada), isso indica que o cérebro dele está fazendo as conexões certas para aprender com os outros.

6. Uso de gestos e linguagem não verbal bem desenvolvidos

Apontar para o que quer, estender os braços pedindo colo, acenar para se despedir — tudo isso mostra que a comunicação não verbal está funcionando muito bem. Esses gestos são fundamentais na comunicação antes mesmo da fala se estabelecer.

7. Demonstra empatia e compartilha emoções

Se sua criança percebe quando você está triste, oferece um brinquedo, faz um carinho ou dá um sorriso para te animar, isso demonstra empatia. Esse tipo de resposta emocional espontânea costuma ser menos evidente em crianças no espectro.

8. Desenvolvimento da linguagem dentro do esperado

Se a fala está surgindo com palavras soltas, depois frases simples e, aos poucos, pequenas conversas, isso é um ótimo indicativo. A linguagem funcional, usada para se comunicar e não só para repetir, é um marco importante fora do espectro.

9. Busca e mantém interação com outras crianças

Seu filho demonstra interesse em brincar com colegas, tenta dividir brinquedos (ainda que nem sempre consiga) e gosta de participar de atividades em grupo? Perfeito. Esse desejo de se conectar socialmente costuma ser reduzido ou ausente em crianças com autismo.

10. Reações sensoriais dentro do esperado

Se sua criança reclama de barulho alto, não gosta de etiqueta da roupa ou faz careta para certos cheiros — fique tranquilo. Isso é mais comum do que parece e, isoladamente, não indica TEA. A diferença está na intensidade e no quanto essas reações interferem na vida diária.

Qual o motivo de conhecer esses sinais?

Porque o autismo não é diagnosticado com base em um único comportamento. Por outro lado, não existe um exame específico para detectar o TEA.

A saber o diagnóstico de autismo exige a observação de um conjunto de sinais. Esses sinais precisam ser persistentes, ou seja, ocorrer em mais de um contexto e causar impacto significativo na comunicação, na socialização e na flexibilidade de comportamento.

Além disso, muitos comportamentos que deixam os pais preocupados — como atraso na fala, manias, sensibilidade a ruídos ou amor exagerado por rotina — são, na verdade, comuns no desenvolvimento de qualquer criança pequena. Certamente, quando os sinais aparecem sozinhos, não são suficientes para caracterizar um transtorno.

Saber disso ajuda você a diferenciar o que é sinal de desenvolvimento típico daquilo que realmente merece investigação especializada.

E quando é hora de procurar ajuda?

Se notar atrasos persistentes em várias áreas, como falta de contato visual, ausência de gestos, pouca ou nenhuma imitação e dificuldade em se comunicar de forma funcional. 

Se achar que os comportamentos são muito intensos, rígidos e que afetam o dia a dia da sua criança.

A partir dos 18 meses, já é possível que um profissional de saúde habilitado possa usar instrumentos de triagem, como o M-CHAT — uma escala de rastreio para identificar potenciais sinais de autismo em crianças entre 16 e 30 meses de idade.

Segundo a professora de Pediatria da UFMG Débora Marques de Miranda, caso tenham dúvidas, os pais podem procurar um pediatra, um neuropediatra ou um psicólogo especializado em desenvolvimento infantil. 

“O desenvolvimento é único, precisa ser avaliado de forma criteriosa para evitar os excessos de diagnósticos e sobrecarga de sistemas. Isto é, apenas com abordagem apropriada que conseguimos indicar o melhor tratamento para a criança e sua família. Se todas as crianças são diagnosticadas como autistas, faltará suporte para quem de fato precisa. Ter critérios e experiência para avaliar é necessário”, orienta a professora.

Conclusão prática

Se seu filho repete frases, gosta de rotina ou faz careta para sons e cheiros, respire. Acima de tudo, esses comportamentos, isoladamente, fazem parte do pacote chamado “Infância”. 

Porém, se notar que a combinação desses sinais prejudica a comunicação, a interação social e a flexibilidade de comportamento, então vale buscar orientação profissional. De fato, em vez de encarnar o detetive do “autismo em cada sombra”, seja o observador atento que entende a diferença entre sinal e ruído.

O mais importante: observar — sem ansiedade — , e entender a diferença entre aquilo que é um traço do desenvolvimento e aquilo que é um sinal de alerta real.

[Leia o texto original … e outras referências]

10 Powerful Signs Your Toddler is Not Autistic
YellowBusABA

Signs Your Toddler Is Not Autistic
Jade Aba

Early signs of autism in toddlers: What to watch for
Kiindred

Signs Your Toddler Is Not Autistic
CrossRiver Therapy

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Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG