Um estudo publicado na Nature Medicine revelou resultados promissores sobre o uso da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (Transcranial Direct Current Stimulation, ou tDCS) para tratar a depressão resistente em casa.
A saber, um grupo de pesquisadores de universidades dos EUA e do Reino Unido conduziram por 10 semanas um teste de um tratamento remoto supervisionado em pacientes com depressão moderada a grave. Ou seja, os resultados mostraram uma melhora significativa nos sintomas, com supervisão em tempo real por videoconferência.
O que é a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS)?
A tDCS é uma técnica não invasiva que usa corrente elétrica de baixa intensidade para modular a atividade do córtex cerebral. A saber, esse método pode aumentar ou reduzir a atividade cerebral, dependendo da posição dos eletrodos. Indicado não apenas para distúrbios neurológicos e psicológicos, o tDCS também pode melhorar capacidades físicas e mentais. Desde que não exige cortes ou incisões, o procedimento é mais seguro e de menor complexidade.
Redução significativa de sintomas
O estudo envolveu 174 participantes com depressão moderada a grave, divididos em dois grupos: um recebeu a estimulação ativa e o outro recebeu placebo. Os resultados mostraram que o grupo com tDCS ativa teve uma redução média de 9,41 pontos na Escala de Depressão de Hamilton, comparado a 7,14 pontos no grupo placebo. Esse dado reforça a eficácia do tDCS na redução de sintomas depressivos.
Neste gráfico é possível ver a mudança na severidade da depressão ao longo do tempo, com base nas pontuações HDRS dos grupos tDCS ativo e sham (placebo) – Imagem adaptada do artigo
Segurança e aceitação do tratamento
A pesquisa comprovou segurança e alta aceitação do tratamento. Por outro lado, os efeitos adversos foram mínimos, sendo a vermelhidão na pele o mais comum entre os que receberam a estimulação ativa. Além disso, a técnica foi bem tolerada, sem eventos adversos graves.
Vantagens do tratamento remoto
A inovação desse estudo foi a aplicação remota da tDCS. Dessa forma, o modelo facilita o acesso a terapias avançadas, especialmente em regiões com menor infraestrutura de saúde, além de oferecer mais comodidade aos pacientes.
Futuro da tDCS no tratamento da depressão
A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua se mostra uma abordagem promissora para tratar pacientes com depressão severa e resistente a tratamentos convencionais.
Em síntese, a pesquisa reforça a eficácia e segurança desse tratamento domiciliar, que oferece conforto e praticidade sem comprometer a segurança. Dentre os participantes que receberam a tDCS ativa, 58,3% atingiram uma resposta clínica positiva, inegavelmente, isso pode revolucionar o tratamento da depressão no futuro.
Comparação entre os grupos Ativo e Controle
Aspecto | Grupo tDCS Ativo | Grupo Controle – Placebo |
Duração do estudo | 10 semanas | 10 semanas |
Número de participantes | 87 | 87 |
Melhora nos sintomas depressivos | Redução de 9,41 pontos na escala HDRS | Redução de 7,14 pontos na escala HDRS |
Taxa de resposta clínica | 58,3% | 37,8% |
Taxa de remissão | 44,9% | 21,8% |
Principais efeitos adversos | Vermelhidão na pele, irritação leve | Sem efeitos significativos |
Formato do tratamento | Realizado remotamente, supervisionado por videoconferência | Simulação de tratamento sem uso de corrente elétrica |
LEIA O ARTIGO |
Título: Home-based transcranial direct current stimulation treatment for major depressive disorder “Estimulação transcraniana de corrente contínua para depressão resistente em casa” |
Autores: Rachel D. Woodham, Sudhakar Selvaraj, Nahed Lajmi, Harriet Hobday, Gabrielle Sheehan, Ali-Reza Ghazi-Noori, Peter J. Lagerberg, Maheen Rizvi, Sarah S. Kwon, Paulette Orhii, David Maislin, Lucia Hernandez, Rodrigo Machado-Vieira, Jair C. Soares, Allan H. Young, Cynthia H. Y. Fu |
Revista: Nature Medicine |
Volume/Número: – |
Publicado em: 21 de outubro de 2024 |
DOI: https://doi.org/10.1038/s41591-024-03305-y |
Para mais informações sobre depressão e seus tratamentos atuais, acesse o site da Faculdade de Medicina da UFMG e do Ministério da Saúde.
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