Neurotecnologia e IA vão permitir mandar mensagens mentalmente; sem voz ou toques

IA e neurotecnologia para enviar mensagens
Principal objetivo da nova fase de desenvolvimento da tecnologia é permitir que qualquer pessoa possa "digitar" apenas com a mente e incluir deficientes - Yoga Banco de Fotos Vecteezy

Transformar o tratamento de doenças neurológicas e a interação entre humanos e máquinas são alguns dos grandes objetivos da neurotecnologia. Esta semana, cientistas afirmaram que está em fase bastante promissora o projeto inovador em que neurotecnologia e IA vão permitir mandar mensagens mentalmente. Sem nenhum tipo de interação física, sem falar ou digitar. Veja como isso pode ser possível.


Será possível que um ser humano possa escrever no computador sem nenhuma interação física? Só na força do pensamento? A Allianz Trade, da famosa seguradora, e a Inclusive Brains, uma deep Tech que desenvolve pesquisas neurocientíficas, anunciaram, no dia 11 de março de 2025, uma nova fase desse projeto. E estão otimistas! 

Segundo eles, o objetivo final é oferecer mais autonomia para pessoas com deficiência, permitindo que elas se comuniquem e interajam digitalmente sem a necessidade de comandos verbais ou físicos. Para isso combinaram Inteligência Artificial (IA) generativa (Veja a Cartilha do Governo) e neurotecnologia. A neurociência estuda o sistema nervoso, enquanto a neurotecnologia aplica ferramentas para entender, reparar e melhorar o cérebro.

IA e neurotecnologia na inclusão digital

A inspiração para esse avanço veio do Prometheus BCI, uma nova interface cérebro máquina que transforma diversos dados neurofisiológicos em comandos mentais. Em 2024, essa tecnologia permitiu que duas pessoas com deficiência motora e cognitiva controlassem um exoesqueleto de braço para carregar a tocha olímpica. Agora, o foco dos desenvolvedores está em expandir essa tecnologia para que qualquer pessoa possa “digitar” apenas usando a mente.

O Prometheus BCI é um modelo de IA multimodal, ou seja, ele processa grandes volumes de informações de diferentes modalidades, como imagens, vídeos e texto. Além disso, ao usar o método de Aprendizado de Máquina, ou “machine learning” (Veja a Cartilha do Governo), ele se torna capaz de reconhecer padrões, fazer escolhas e construir modelos analíticos, com pouca ou nenhuma necessidade de intervenção humana.

O novo sistema é capaz de interpretar sinais neurofisiológicos. Ele também permite que os usuários escolham como querem interagir com o mundo digital. Seja através do movimento ocular, piscadelas ou expressões faciais, “o teclado controlado pela mente tem potencial para mudar vidas”, afirmam seus criadores, reforçando que a neurotecnologia e IA vão permitir mandar mensagens mentalmente.

Inclusão social e digital

Milhões de pessoas enfrentam barreiras na comunicação devido a doenças ou acidentes. Sem acesso à fala ou ao movimento, muitas ficam excluídas do mercado de trabalho e da educação. O teclado mental visa solucionar esse problema, tornando a tecnologia mais acessível e promovendo inclusão social. Uma prova de conceito já foi realizada quando o Prometheus BCI foi usado para escrever e enviar uma emenda parlamentar na França — sem toque, sem voz, apenas com o poder da mente.

Além disso, o Prometheus BCI terá seu código aberto para que qualquer pessoa o utilize, modifique e aprimore. Conhecido como open source, esse método de desenvolvimento de softwares permite que o trabalho conjunto aprimore a tecnologia, tornando-a ainda mais inclusiva, eficaz e acessível.

A Inclusive Brains foi fundada em 2022 pelo neurocientista Olivier Oullier e pelo especialista em IA e cibersegurança Paul Barbaste. A missão da empresa é usar IA generativa e interfaces cérebro-computador para auxiliar pessoas com deficiências motoras. “Ser capaz de controlar um computador com a mente, olhos ou expressões faciais pode ser transformador”, afirma Oullier em um comunicado publicado pela Allianz.

Desafios e limitações

Apesar do avanço promissor, a implementação dessa tecnologia enfrenta desafios significativos. A interpretação dos sinais cerebrais ainda não é totalmente precisa e pode variar entre os usuários, exigindo calibrações frequentes.

Além disso, questões éticas, como privacidade e segurança dos dados neurais, precisam ser rigorosamente discutidas. O custo dos dispositivos também pode representar uma barreira para a adoção em larga escala, tornando essencial o desenvolvimento de alternativas acessíveis.

Relacionamento com NeuroTec-R e pesquisa responsável

A proposta está alinhada com os princípios do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (NeuroTec-R).

No centro dessa iniciativa está a Pesquisa e Inovação Responsáveis (PIR), que defende a colaboração entre a comunidade científica, setor público e empresas privadas. Um dos pilares da PIR é a “Diversidade e Inclusão”, reforçando a importância de envolver diversos atores no desenvolvimento de políticas de P&D para tornar a ciência e a inovação mais democráticas.

Leia o artigo original

Allianz Trade x Inclusive Brains: Rédiger des messages par la pensée (PDF)
Communiqué de presse/Inclusive Brains. 11 de março de 2025.

Leia também

Artificial Intelligence and the Future of Teaching and Learning: Insights and Recommendations (PDF)
U.S. Department of Education (.gov). May 2023

Recommendations in this report seek to engage teachers, educational leaders, policy makers, researchers, and educational technology innovators and providers.

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Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG (Perfil)

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