Inventário de comportamento infantojuvenil é gratuito e pode identificar crianças em risco de transtornos mentais internalizantes e externalizantes
A saúde mental de crianças e adolescentes é uma preocupação crescente. Estudos indicam que metade dos transtornos mentais se inicia até os 14 anos.
Sendo assim, um possível diagnóstico de distúrbios mentais em crianças permitiria o início de tratamentos adequados e poderia reduzir a possibilidade de incapacidade de uma pessoa, ao longo de toda uma vida.
No entanto, o estudo empírico dos desfechos de saúde mental em crianças depende da confiabilidade das medições. Com toda a certeza, diagnósticos precoces permitem o início rápido de tratamentos adequados e possibilitam reduzir que uma pessoa fique incapacitada, muitas vezes, ao longo de toda uma vida.
Adaptação do CABI no Brasil
Em artigo publicado no Jornal de Pediatria da Associação Brasileira de Pediatria (“Cross-cultural adaptation, validity, and reliability of the Child and Adolescent Behavior Inventory (CABI) for use in Brazil”), os autores apresentam uma adaptação em português brasileiro do Inventário de Comportamento Infantil e Adolescente (Child and Adolescent Behavior Inventory – CABI).
O questionário de 75 perguntas, foi desenvolvido por um grupo italiano para identificar crianças em risco de transtornos mentais, tanto em contextos clínicos quanto epidemiológicos, permitindo que o profissional de saúde obtenha informações objetivas e abrangentes dos pais sobre a condição comportamental de seus filhos.
Dirigido a crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, o CABI pode ajudar a identificar o risco de transtornos mentais, como TDAH, ansiedade, depressão e transtornos de controle de impulsos. A amostra analisada foi composta por 598 pais.
Estudo e confiabilidade
Acima de tudo, o CABI oferece uma abordagem objetiva e acessível para profissionais de saúde e educadores. Ele permite avaliar sintomas internalizantes (como depressão e ansiedade) e externalizantes (como impulsividade e agressividade).
A adaptação do CABI para o contexto brasileiro foi rigorosa. Como resultado, a adaptação feita é válida e confiável para avaliar o comportamento dos jovens brasileiros. Os pesquisadores encontraram alta confiabilidade e consistência interna nas principais subescalas do inventário.
Prevenção e diagnósticos precoces
Usado em centros de saúde, escolas e clínicas, a equipe do NeuroTec-R valida a versão em português do CABI com o intuito de contribuir para identificar comportamentos de risco e direcionar intervenções precoces. De tal forma que a inclusão de ferramentas dimensionais, como esta, pode melhorar o diagnóstico e a resposta ao tratamento.
No entanto, os pesquisadores alertam que um diagnóstico definitivo deve ser feito por um profissional qualificado.
Inventário infantil ajuda a identificar risco de transtornos mentais
Agora validado para o Brasil, a ferramenta – gratuita – está acessível para que os profissionais de saúde mental possam chegar a diagnósticos e intervenções mais precoces e precisas, a partir da avaliação do comportamento de crianças e adolescentes.
Ferramentas psicométricas sólidas são essenciais para diagnósticos e tratamentos de qualidade em saúde mental. Além disso, o avanço científico se enquadra perfeitamente no conceito de Pesquisa e Inovação Responsáveis. A PIR busca garantir que as inovações científicas sejam seguras, eficazes, acessíveis e eticamente desenvolvidas, promovendo benefícios reais para a sociedade. E é com essa visão que o NeuroTec-R valida o CABI em português.
Apoio
O estudo teve apoio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
| LEIA O ARTIGO | |
| Cross-cultural adaptation, validity, and reliability of the Child and Adolescent Behavior Inventory (CABI) for use in Brazil | |
| Danielle S. Costa, Carlo Cianchetti, Deborah Dewey, Antonio Marcos Alvim-Soares, Iane Kestelman, Antonio Geraldo da Silva, Leandro F. Malloy-Diniz, Debora M. Miranda, Jonas J. de Paula | |
| Revista: Jornal de Pediatria | |
| Vol./Número: 99(4) | |
| Páginas: 413-422 | |
| Publicado em: Jul-Ago 2023 | |
| Online: 14 April 2023 | |
| DOI: 10.1016/j.jped.2023.02.008 |
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Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG
