Projetos apoiados pelo NeuroTec-R na Mostra UFMG; evento integra Semana Nacional de CT&I

Projetos apoiados pelo NeuroTec-R na Semana Nacional de CT&I da UFMG
Antônio Márcio de Ávila Júnior é estudante de Medicina e apresentou trabalho elogiado durante a Semana do Conhecimento UFMG 2025 - Arquivo pessoal

Iniciação científica em saúde mental e extensão em urbanismo tático mostram como a escuta das crianças pode transformar a cidade e inspirar novas práticas científicas


Do planejamento urbano à pesquisa biomédica, dois trabalhos desenvolvidos por estudantes de graduação com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (INCT NeuroTec-R) mostraram, durante a Semana do Conhecimento UFMG 2025, que o olhar das crianças pode inspirar novas formas de fazer ciência.

Um é projeto de extensão em arquitetura e, o outro, trabalho de iniciação científica em medicina. Ambos foram selecionados entre centenas de propostas e se destacaram pelo impacto social e acadêmico.

Na área de arquitetura, o PROTOtipando lugares com crianças propõe novos paradigmas de participação infantil no desenho das cidades. O trabalho estimula empatia, pertencimento e senso de cidadania. Já o estudo biomédico traz evidências sobre os riscos metabólicos do uso prolongado de antipsicóticos em jovens. Ele reforça a necessidade de monitoramento clínico e nutricional durante o tratamento.

Os dois projetos foram escolhidos na prévia da Semana do Conhecimento, realizada em 6 e 7 de outubro. E receberam certificado de relevância acadêmica, o que garantiu sua exposição na mostra principal, nos dias 14 e 15 de outubro.

Para contextualizar: iniciação científica é a atividade que introduz estudantes de graduação e ensino médio à pesquisa acadêmica sob orientação docente. Já a extensão universitária promove a interação transformadora entre universidade e sociedade, articulando ensino e pesquisa.

Iniciação em saúde mental

O trabalho de iniciação científica foi desenvolvido por Antônio Márcio de Ávila Júnior, estudante de Medicina da UFMG. Ele foi orientado pela professora Débora Marques de Miranda, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina. Ela que é subcoordenadora do Centro de Tecnologia em Medicina Molecular (CTMM) e também do NeuroTec-R.

O estudo reuniu dados de 19 pesquisas com 2.470 crianças e adolescentes. Ele demonstrou que o uso de antipsicóticos de segunda geração, como risperidona, olanzapina e aripiprazol, está associado a aumento significativo de peso, índice de massa corporal (IMC) e circunferência abdominal. As análises também identificaram resistência insulínica, dislipidemia e elevação da glicemia de jejum como alterações metabólicas frequentes.

Entre os medicamentos avaliados, a olanzapina apresentou o maior impacto sobre o metabolismo, enquanto o aripiprazol teve efeitos mais discretos. A metanálise confirmou que pacientes tratados com risperidona têm quase seis vezes mais chance de ganhar peso em comparação com o grupo controle.

Os resultados reforçam a importância de um acompanhamento médico atento. O uso desses medicamentos deve ocorrer com muita responsabilidade, embora sejam eficazes e necessários. O monitoramento do peso e da saúde metabólica precisa começar desde o início do tratamento.

O cuidado deve envolver equipes multiprofissionais, com avaliação nutricional, incentivo à atividade física e acompanhamento regular. Profissionais e familiares devem observar esses cuidados, especialmente em crianças com histórico familiar de obesidade ou doenças metabólicas.

Trabalho de destaque – Antônio Márcio de Ávila Júnior apresentou seu trabalho na Mostra de Iniciação Científica, organizada pela Pró-reitoria de Pesquisa da UFMG

PROTOtipando lugares com crianças

O projeto de extensão PROTOtipando lugares com crianças, é desenvolvido em Belo Horizonte, no Morro do Papagaio. Aglomerado caracterizado por ocupações informais e forte desigualdade urbana, o propósito da atividade é repensar o modo de projetar espaços urbanos a partir da escuta ativa da infância. Dessa forma, o que se espera é promover o bem-estar infantil por meio da efetivação dos direitos fundamentais da infância, conforme políticas públicas e marcos legais.

Coordenado pela professora Paula Barros e cocoordenado pela professora Lúcia Gouvea Pimentel, da Escola de Arquitetura da UFMG, a equipe mantém parceria direta com escolas públicas. Como é o caso da Escola Municipal Ulysses Guimarães. Também envolve a oferta da Oficina Temática de Tópicos em Arquitetura: Espaço Protótipo, da Escola de Arquitetura da UFMG.

O PROTOtipando realizou ações que combinam arte, design e participação social, como:
Papelando: lugares com crianças, com esculturas de papelão instaladas na calçada da Escola Municipal Ulysses Guimarães e em uma escola da Savassi;
plantAÇÃO, que levou instalações artísticas à rua União, no Morro do Papagaio.

Ambas as intervenções foram cocriadas com as crianças. O artigo Transformando espaços com instalações artísticas: crianças como coprodutoras de cidades sustentáveis, submetido ao ENSUS 2025, analisa as ações realizadas.

Intervenções acadêmicas e impacto social

Entre 2024 e 2025, o PROTOtipando consolidou-se como um laboratório vivo de cocriação entre crianças, estudantes, professores, artistas e comunidade. As ações, de caráter colaborativo e interdisciplinar, baseiam-se em transformações de urbanismo tático em espaços públicos.

No campo da divulgação científica para o público não especializado, está em produção o e-book “Cocriação com crianças”. A obra reúne experiências, reflexões e metodologias do projeto, com ilustrações de Mariana Jorge.

Os bolsistas descrevem a experiência como formativa e transformadora: ela desperta neles senso de cidadania e empatia urbana. Entre os desafios, a equipe destaca dificuldade de manter encontros regulares com as mesmas crianças por restrições familiares. E da falta de recursos para aquisição dos materiais necessários. Mesmo assim, o grupo mantém perspectiva de continuidade e expansão, reafirmando o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Leonardo Bertuccelli Grasso Maciel Souza apresentou o PROTOtipanco…, da Escola de Arquitetura, na Mostra organizada pela Pró-reitoria de Extensão da UFMG – Arquivo pessoal

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Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG