UFMG adquire sistema ultrassensível para detectar biomarcadores; e reforça pesquisa responsável em Medicina de Precisão

UFMG adquire sistema ultrassensível para detectar biomarcadores
O SIMOA SR-X Quanterix foi entregue e agora a equipe aguarda o técnico da empresa para fazer a montagem e ajustes necessários para uso - Foto: Marco Aurélio Romano-Silva

Equipamento financiado pela Fapemig detecta biomarcadores até mil vezes menores que aqueles detectados por métodos convencionais. Isto fortalece tanto a medicina de precisão quanto a pesquisa biomédica sobre doenças como Alzheimer e as imunoterapias


Um pequeno tubo de ensaio, alguns microlitros de sangue e uma tecnologia capaz de revelar o que os olhos – e os métodos tradicionais – não vêem. O Centro de Tecnologia em Medicina Molecular (CTMM) da Faculdade de Medicina da UFMG recebeu mais um novo equipamento nesta segunda-feira, 11 de agosto: o SIMOA SR-X Quanterix.

Financiado pela Fapemig, o sistema ultrassensível de detecção de biomarcadores pode identificar sinais de doenças antes mesmo dos primeiros sintomas. Com ele é possível avançar na pesquisa biomédica e também na medicina de precisão. 

Segundo o professor Marco Aurélio Romano-SIlva, coordenador do CTMM, sede do Instituto Nacional em Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (Neurotec-R), a aquisição fortalece a infraestrutura já consolidada do centro, que inclui PET/CT, o primeiro ultrassom funcional cerebral pré-clínico do Brasil e laboratórios avançados em neurociência.  

Ainda na visão do coordenador, a nova tecnologia abre portas para participação em estudos multicêntricos internacionais e estimula a aproximação com a indústria, a transferência de conhecimento e a formação de parcerias estratégicas, compromissos dos Centros Institucionais de Tecnologia e Inovação (CTs) da UFMG.

Além disso, “a capacidade de enxergar o que antes passava despercebido pode acelerar descobertas, melhorar diagnósticos e ampliar o alcance de terapias personalizadas”, afirma o neurocientista, acreditando também se tratar de mais um marco para a pesquisa biomédica no estado de Minas Gerais e em todo o Brasil.

Mil vezes mais sensível

O SIMOA (Single Molecule Array) amplia a detecção de biomarcadores em estágios iniciais, ou seja, quando a intervenção clínica pode ser mais eficaz. De fato, a nova metodologia usada pelo aparelho é capaz de quantificar proteínas em concentrações até mil vezes menores que aquelas que são medidas por ensaios convencionais do método conhecido como ELISA – acrônimo, em inglês, para ensaio de imunoabsorção enzimática.

A saber, ELISA é uma técnica laboratorial usada para detectar e quantificar substâncias como proteínas, anticorpos e hormônios em amostras biológicas. Ela se destaca principalmente pela alta sensibilidade, especificidade e eficácia. Só para exemplificar, é muito eficiente no diagnóstico de diversas doenças, como infecções por dengue, covid-19, HIV e sífilis.

O nome “Single Molecule Array” já dá uma pista de como o aparelho funciona. O princípio, simples, mas poderoso, de acordo com o fabricante, é aprisionar cada molécula-alvo encontrada na amostra analisada em esferas magnéticas. Além disso, essas moléculas são isoladas em recipientes com a capacidade de armazenar um minúsculo volume de líquido: poucos femtolitros (fL), uma fração do litro, equivalente a 10 ¹5 litros. Ou seja, um mililitro é escrito assim: 0,001 litro. Um femtolitro é 0,000000000000001 litros (15 casas depois da vírgula).

Acima de tudo é essa estratégia a grande responsável por tornar possível contar moléculas individuais em vez de medir a média dos resultados de várias amostras. Isto é o que eleva a sensibilidade de cada teste a patamares inéditos.

Enquanto métodos tradicionais detectam concentrações relativamente altas, SIMOA empurra o limite para níveis tão baixos que permite identificar sinais de doenças antes mesmo de os sintomas aparecerem. E isto é o que pode transformar o cuidado clínico e a pesquisa biomédica.

Com isso é possível personalizar a medicina

Com toda essa precisão será possível, por exemplo, iniciar o desenvolvimento de novas abordagens que, no futuro, permitam aos médicos ajustar tratamentos de forma individualizada, de acordo com o perfil biológico de cada paciente.

Descubra como o SIMOA pode contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas:

  • Detectar precocemente biomarcadores de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla.
  • Monitorar a evolução de doenças e medir respostas a terapias.
  • Apoiar pesquisas translacionais em psiquiatria, neurologia, oncologia e imunologia.
  • Desenvolver novos biomarcadores diagnósticos e prognósticos.

Principais aplicações

O SIMOA, portanto, é uma ferramenta versátil, com aplicações que vão desde a pesquisa básica até ensaios clínicos. Entre os usos principais:

  • Alzheimer: mede biomarcadores em sangue e líquido cefalorraquidiano, auxiliando no diagnóstico precoce e no acompanhamento da progressão da doença.
  • Imunoterapia: avalia respostas a tratamentos imunológicos, quantifica citocinas e monitora variações fisiológicas de pacientes.
  • Medicina de precisão: identifica proteínas em níveis ultrabaixos, permitindo diagnósticos mais assertivos e terapias personalizadas.
  • Pesquisa básica: investiga a função de proteínas e a dinâmica celular no nível de molécula única.

[O que você achou dessa notícia?]

Deixe seu comentário:
📧 inctneurotecr@gmail.com
📱 Instagram: @inctneurotecr
💼 LinkedIn: INCT NeuroTec-R
🌐 Explore mais: https://neurotecr.ctmm.digital


Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Med