Ciência precisa ir para o próximo nível de infraestrutura colaborativa independente

Ciência infraestrutura colaborativa independente
Universidades podem fortalecer a ciência ao compartilhar dados e distribuir responsabilidades de guarda e manutenção entre diferentes países e comunidades científicas, sugere Goodman - Videoconferencia Banco de fotos Vecteezy

Dan Goodman, professor de engenharia elétrica e eletrônica do Imperial College London, publicou um artigo defendendo a criação de uma infraestrutura científica global, livre de interferências políticas. Ele alerta que ciência precisa ir para o próximo nível de infraestrutura colaborativa independente, porque a a dependência de governos ou organizações para fornecer dados e serviços científicos coloca a ciência em risco. Acompanhe…


O cientista estadunidense Dan Goodman está preocupado com as mudanças recentes na infraestrutura científica, que, segundo ele, podem afetar a ciência global. 

Professor sênior do grupo de pesquisa de Sistemas Inteligentes e Redes em Engenharia Elétrica e Eletrônica, ele, que é fundador do grupo de pesquisa interdepartamental “Natural and Machine Hearing” da Imperial College of London, alerta. É provável que a desativação de dados abertos possa causar uma “catástrofe” científica em estudos de grande relevância social. 

“Imagine perder décadas de dados climáticos ou ver pesquisas de saúde sendo censuradas?”, lamenta ele, em artigo de opinião “A ciência deve afastar-se da infraestrutura gerida a nível nacional, publicado na seção Perspectivas, do portal de notícias científicas The Transmitter. Conheça esses argumentos e conta pra nós: o que você pensa a respeito? @inctneurotecr 

Riscos da dependência nacional

No artigo, Dan Goodman declara que, embora a comunidade científica global dependa de infraestruturas colaborativas, confiar a manutenção de toda essa infraestrutura a uma única nação ou organização é arriscado. Ao passo que haja a alternância de poder característica das democracias, pode ocorrer que a pesquisa fique vulnerável a políticas de governo. 

Para evitar essa vulnerabilidade, a saber ele propõe que os dados científicos sejam descentralizados ou replicados em várias estruturas, garantindo a continuidade. “Organizações multinacionais e comunitárias devem ser resilientes e menos suscetíveis a influências externas”, recomenda.

Exemplos negativos e desafios

O cientista cita casos como o Instituto Médico Howard Hughes e a Iniciativa Chan Zuckerberg, que cortaram financiamentos para pesquisas inclusivas. Além disso, ele também lembra que mudanças radicais em políticas e diretrizes nas redes sociais podem desconstruir todo um trabalho — demorado e complexo — de construção de conexões que precisa ser refeito para manter o diálogo com a sociedade e com outros cientistas.

O grande desafio, contudo, segundo Goodman, é o investimento necessário para construir e manter infraestruturas científicas robustas. “Os cientistas preferem focar na pesquisa, mas isso gera vulnerabilidades”, adverte, mostrando a necessidade de uma governança mais estratégica. E reitera, a ciência precisa ir para o próximo nível de infraestrutura colaborativa independente.

Colaboração internacional como solução

Goodman defende a criação de infraestruturas compartilhadas, geridas pela própria comunidade científica. Em outras palavras, como forma de originar essas organizações, ele imagina que as universidades poderiam se apoiar mutuamente, compartilhando dados livremente. “Distribuir a responsabilidade entre países e comunidades científicas tornaria a ciência mais robusta”, afirma.

No Brasil, iniciativas como a plataforma BrCris e a PNIPE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), promovem o compartilhamento de dados e recursos científicos. Entretanto ele sugere que cientistas diversifiquem serviços usando plataformas como Zenodo, EuropePMC, PubPeer e eLife .

A principal mensagem, portanto, é a de que abordagens colaborativas assegurariam o avanço da ciência, independentemente de turbulências políticas ou sociais.

NeuroTec-R e a colaboração responsável

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (NeuroTec-R) adota princípios de governança de transparência e participação ativa em todas as etapas dos projetos. Certamente, os princípios da PIR orientam a gestão ética dos recursos e fomentam a colaboração entre pesquisadores, instituições e o público. Essa abordagem assegura que a inovação em neurotecnologia ocorra de forma responsável, sustentável e alinhada com as necessidades da sociedade.

O que você acha? 

Deixe seu comentário! inctneurotecr@gmail.com, no nosso Instagram @inctneurotecr, no LinkedIn do INCT NeuroTec-R

Explore mais sobre neurotecnologia e pesquisa responsável aqui, no site do NeuroTec-R.

Leia o artigo original

Science must step away from nationally managed infrastructure
Por Dan Goodman. The Transmitter.com/Perspectives / Policy
20 Fevereiro 2025 | 7 min

Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG (Perfil)