Você provavelmente já viu na internet imagens de formigas tentando passar por uma passagem estreita carregando um objeto grande, como uma peça em forma de “T”. Se não viu, vai ver agora! Formigas vencem humanos em quebra-cabeça e dão lição de união e sucesso. Elas vão e vêm, ajustam seus movimentos e, de repente, o objeto atravessa. Pois é! Esse fenômeno integra uma pesquisa científica, que comparou como formigas e humanos lidam com desafios geométricos. E, acredite: 7 x 0 para as formigas!
A inteligência coletiva é frequentemente apontada como uma vantagem da vida em grupo. Mas o que realmente torna uma sociedade mais eficaz em solucionar problemas comuns?
Um estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, tentou responder a essa pergunta comparando como indivíduos e grupos – de formigas e de pessoas – resolvem um mesmo desafio geométrico. Os resultados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), que publica estudos de várias áreas de pesquisa.
Não há relatos de que tenha sido exatamente um 7 x 1, como na Copa de futebol de 2014, mas foi mais ou menos constrangedor igual. Só que no Laboratório… Goool da Formiga! O inseto!
A união faz a força (e o foco)
Com seus cérebros minúsculos, mas trabalhando juntas, formigas tiveram desempenho significativamente melhor do que os humanos em uma tarefa: passar pela porta uma peça grande, em forma de “T”.
Faltou “técnico”? Os humanos tiveram dificuldades em coordenar ações em grupo. Já as formigas, rapidamente combinaram a jogada. A saber, elas ajustam seus movimentos coletivamente, com base na interação entre os membros do grupo e uma memória coletiva de curto prazo.
Mas o ser humano não é o mais inteligentão do planeta? Este e outros estudos mostram que a gente fica se achando, mas as coisas não são do jeito que se pensava: há concorrência.
Somos conhecidos pela capacidade de planejar e resolver problemas de forma individual. Mas, quando em grupo, nossa performance pode ser prejudicada por falta de comunicação ou por desentendimentos. Já as formigas, vencem humanos em quebra-cabeça e dão lição de união e sucesso. Embora tenham cérebros minúsculos, compensam suas limitações individuais com estratégias de cooperação altamente eficazes.
Ou seja, formigas melhoram em grupos maiores, enquanto nós, humanos, tendemos a regredir na ausência de comunicação clara.
Como o experimento foi feito
O primeiro tempo começou com um desafio: humanos E formigas, da espécie Paratrechina longicornis, deveriam mover um objeto grande, em forma de “T”, através de passagens estreitas.
Foram envolvidos 30 grupos de humanos e 11 grupos de formigas. Cada grupo recebeu a tarefa de mover a peça em forma de “T” através de um labirinto com várias portas estreitas.
Os humanos, cheios de si. As formigas, sendo formigas….
Nos testes, os humanos demonstraram uma comunicação limitada. E, que acabou se mostrando Insuficiente para simular desafios reais de coordenação. Já as formigas, também sem “instrutores”, mas com total sinergia entre os indivíduos.
A eficiência foi medida pela capacidade de cada grupo identificar a melhor estratégia para passar pelos obstáculos. As formigas se destacaram. Conseguiram ajustar suas ações a cada tentativa. Demonstraram uma impressionante habilidade de aprendizado coletivo.
Veja vídeo da pesquisa
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Por que isso importa ?
Descobertas como essa têm enormes implicações em áreas como robótica, neurociência e estudos de comportamento coletivo.
Essa comparação entre espécies e tamanhos de grupo é uma oportunidade rara para entender como diferentes sistemas cognitivos lidam com problemas idênticos.
Enquanto as formigas dependem de movimentos coordenados e habilidades cognitivas emergentes, os humanos usam compreensão global do problema para buscar soluções estratégicas. Porém, sem comunicação, os grupos humanos se limitam a estratégias óbvias, semelhantes às das formigas, o que prejudica o desempenho.
O que torna as formigas tão eficientes? A simplicidade, que as limita individualmente, favorece a cooperação entre elas. Especialmente como forma de sobrevivência. E assim, as formigas vencem humanos em quebra-cabeça e dão lição de união e de comunicação. Em contraste, a complexidade cognitiva dos humanos, tão vantajosa individualmente, pode atrapalhar a coordenação coletiva.
Na prática, essa habilidade das formigas de resolver problemas complexos coletivamente pode inspirar o desenvolvimento de algoritmos para robôs colaborativos. Além disso, pode ajudar a entender como diferentes sistemas biológicos lidam com desafios ambientais.
O fato é que, entender melhor esse processo pode abrir caminhos novos no que se refere aos estudos do comportamento. Isso pode ajudar em situações que exigem coordenar atividades complexas. Por exemplo, em casos em que se envolve muita gente e uma alta eficiência é necessária, como em operações de resgate ou logística.
E, agora? O que vem por aí…
Segundo os autores, Tabea Dreyer, Amir Haluts, Amos Korman, Nir Gov, Ehud Fonio e Ofer Feinerman, do Instituto Weizmann de Ciências, os próximos passos incluem investigar outros insetos sociais. Como as abelhas e os cupins lidam com desafios similares? Essa resposta vai levar mais um tempinho. Não perca os próximos episódios.
Os cientistas também pretendem explorar a aplicação direta dos princípios de cooperação das formigas em tecnologias, especialmente no campo da inteligência artificial distribuída.
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Leia o artigo original
Dreyer, T., Haluts, A., Korman, A., Gov, N., Fonio, E., & Feinerman, O. (2025). Comparing cooperative geometric puzzle solving in ants versus humans. Proceedings of the National Academy of Sciences, 122(2), e2414274121.
Leia aqui: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2414274121
Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG (Perfil)
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