O futuro da neurociência: uma jornada para os próximos 20 anos

Futuro depende de ousadia e pesquisa responsável
De maneira geral os ensaios mostram que o futuro da neurociência depende dela ser cada vez mais colaborativa, criativa e aberta à inovação, e isso depende de ousadia e pesquisa responsável - Imagem ilustrativa gratuita do www.freepik.com

No final de dezembro de 2024 o site The Transmitter, veículo dedicado à divulgação de notícias e análises sobre pesquisas em neurociência, publicou um artigo no qual anunciam aspectos de seu primeiro e-book. Thinking About Neuroscience: Essays from the Field traz a análise de cinco pesquisadores, de diferentes subcampos da neurociência, sobre o futuro da neurociência nas próximas duas décadas. De sistemas dinâmicos e computação a avançadas neurotecnologias, um ponto comum na visão de todos esses especialistas é que estamos mais próximos de mudar a forma como entendemos nossa mente. Será mesmo? Siga conosco rumo ao futuro da neurociência e a jornada para os próximos 20 anos. No final dê sua opinião a respeito.


Imagine um mundo onde doenças cerebrais são tratáveis, onde a inteligência artificial colabora com o cérebro humano, e onde cada descoberta científica transforma vidas. Seja como for, é exatamente esse futuro que cinco especialistas destacaram no primeiro livro anual do The Transmitter. A obra completa está disponível aqui, para download. Antes, porém, acompanhe aqui um resumo das ideias mais inspiradoras, segundo Editorial do The Transmitter, de 23 de dezembro de 2024.

O cérebro como um sistema dinâmico

Nicole Rust, da Universidade da Pensilvânia, descreve o cérebro como um “sistema dinâmico complexo”. PhD em ciências neurais, ela descreve o funcionamento do órgão como sendo em ciclos, onde causas se tornam efeitos que, por sua vez, geram novas causas. Essa dinâmica é evidente tanto dentro do cérebro quanto em suas interações com o ambiente.

Porém, quando esses sistemas falham, como na doença de Parkinson ou na psicose, o desafio para compreender essas interações é ainda maior. Mas ela defende que compreender essas interações é a chave para tratamentos mais eficazes no processo de devolver qualidade de vida a milhões de pessoas.

Cálculos que superam a inteligência artificial

Em outro ensaio, uma provocação instigante, feita pelo Anthony Zador, do Cold Spring Harbor Laboratory é: “como o cérebro calcula”?” Segundo ele, entendemos bem as partes do sistema nervoso, mas ainda é um mistério como elas trabalham juntas?

Inegavelmente, o trabalho de Zador se concentra em três áreas principais: circuitos neurais envolvidos nas decisões auditivas, desenvolvimento de novas tecnologias para mapear o conectoma: o conjunto de conexões neurais no cérebro que pode entendido como seu “circuito de ligações”. Além disso, todas as descobertas feitas são aplicadas para buscar formas de fazer avançar a inteligência artificial.

No ensaio que analisa o futuro da neurociência, o pesquisador chama a atenção para o fato de o cérebro humano ainda superar a inteligência artificial em tarefas como planejamento e interações complexas.

No entanto, o desafio futuro para desvendar o “quebra-cabeça” de como as partes do cérebro se somam para processar cálculos, por exemplo, envolve a capacidade dos pesquisadores unirem neurociência computacional com os avanços da IA para fazer avançar essa compreensão.

Foco direto no cérebro humano

Joshua R. Sanes, da Iniciativa do Cèrebro, da Universidade de Harvard, acredita que o próximo passo é usar tecnologias de ponta diretamente no cérebro humano. Depois de décadas focando em modelos animais, métodos como organóides e assembloides, interfaces cérebro-máquina e neuroimagem avançada abrem novas portas.

Para Sanes, a oportunidade de entender o “cérebro real” nunca foi tão tangível. É hora de explorar diretamente a mente humana, usando as ferramentas que a ciência desenvolveu.

De volta à teoria

Professor de Psicologia, Russell Poldrack, da Universidade de Stanford, aponta um desequilíbrio na neurociência: acumulamos dados em excesso, mas carecemos de teorias claras. Por conseguinte, ele compara o cenário atual a um quebra-cabeça sem manual de instruções.

O caminho, segundo o pesquisador, é focar na construção de teorias que expliquem a complexidade por trás dos dados. Afinal, entender é tão importante quanto medir, analisa.

A curiosidade como bússola

A neurocientista Sheena Josselyn, do Hospital for Sick Children, desafia a ideia de traçar prioridades rígidas. Restringir a ciência a listas de prioridades pode sufocar a criatividade e limitar descobertas revolucionárias. Para ela, a ciência avança melhor quando guiada pela curiosidade dos pesquisadores. Grandes descobertas, muitas vezes, surgem por acaso, adverte a pesquisadora.

O ponto de encontro dessas visões

Embora tragam perspectivas diferentes, os cinco especialistas compartilham um ideal comum: a neurociência deve ser colaborativa, criativa e aberta à inovação. Seja estudando sistemas dinâmicos, desenvolvendo teorias ou explorando o potencial humano, o futuro da neurociência e a jornada para os próximos 20 anos futuro depende de ousadia e experimentação.

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Texto: Marcus Vinicius dos Santos – jornalista CTMM Medicina UFMG

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